terça-feira, 24 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
Cafundó - Vinte anos de estrada
Faz exatamente vinte anos (outubro de 89), que estreamos na Casa da Cultura em Cáceres (MT), o espetáculo “Cafundó – Onde o Vento faz a curva”, em duas sessões de casa cheia. Na semana seguinte rumamos pro norte de Mato Grosso. Em Colider, além das apresentações na cidade, levamos o espetáculo para a zona rural, na comunidade de São Jorge, que no meio da selva, possuía um teatro de pau-a-pique. Pessoas a pé, de carroça, de bicicletas, à cavalo, pareciam brotar do meio das matas... Mais de trezentas pessoas. Feito à luz de lampiões de querosene, “Cafundó” recebeu naquela noite, seu batismo definitivo. Foi uma experiência inesquecível!...Depois Nova Canaã, Alta Floresta, (onde inauguramos o primeiro palco de teatro daquela cidade), Itaúba, Sinop, Sorriso, Rosário Oeste, Sto. Antonio do Leverger, Jaciara...etc..
Seguindo viajem, chegamos a Goiás, Minas, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia... Nos anos seguintes, Nordeste... Em seguida, América Latina, depois Europa... África! Mais de mil e duzentas apresentações em aproximadamente 300 cidades de TRES CONTINENTES!!!...
Pela América Latina em 93, realizamos temporadas na Bolívia (Teatro Achá em Cochabamba; Pequeno Teatro de La Paz; Paraninfo Universitário de Sta. Cruz de La Sierra. No Peru (Universidade de Arequipa; Teatro da Aliança Francesa de Lima; Teatro Municipal de Cuzco, onde fizemos parte do calendário da Festa do Sol –“Inti Raimi’) e Equador (grande sucesso no Teatro Bambalinas de Guayaquil).
Em 94 embarcamos pela primeira vez para a Europa e fizemos temporadas no Teatro da Barraca e na sala do Bando em Lisboa (Portugal) e na Casa da Música de Barcelona (Espanha).
De volta do Brasil, continuamos nossa saga pelos cafundós de Mato Grosso, Rondônia e Goiás. Em 96 ficamos um mês em cartaz no “porão” da Casa de Cultura Laura Alvim no Rio de Janeiro.
Em 98 voltamos à Europa. Na Expo 98 em Lisboa, no maior encontro de cultura do planeta (100 dias, 10 milhões de espectadores), “Cafundó” foi, dentre tantos outros espetáculos brasileiros lá presentes, o único convidado direto pela comissão européia do evento. Contratado para seis apresentações, realizou onze, devido ao sucesso de público e crítica, sendo o único espetáculo brasileiro estampado na capa do principal jornal do evento. Embalado pelo sucesso na Expo, “Cafundó” caiu no gosto do público português e começou a chover convites para dezenas de cidades. Foi o primeiro espetáculo do mundo a percorrer, numa única e contínua turnê, as nove ilhas do Arquipélago dos Açores (jun/jul 2000). Nesse mesmo ano, ao encerrar o Festival de Almada em Portugal, “Cafundó” recebeu uma verdadeira consagração do público presente, sendo aplaudido em cena aberta por cinco vezes e ao final, mais de cinco minutos de pé.
Nos anos seguintes (2001/02) foi apresentado em praticamente todo território continental português: de Valença do Minho no norte, até Portimão no Algarve ao sul, em mais de 70 localidades. De lá para cá, todos os anos, temos apresentado nosso espetáculo em terras lusitanas e em algumas localidades, já regressamos duas ou três vezes.
Em 2003, foi o espetáculo brasileiro escolhido pela curadoria européia para representar o Brasil no Festival D’Agosto de Maputo, em Moçambique na África, onde realizamos três apresentações e em uma delas, o grande escritor angolano José Eduardo Agualusa, foi a nossa “galinha” (quem conhece o espetáculo, sabe do que falamos).
As últimas apresentações de “Cafundó” em Portugal aconteceram recentemente no Cine São Jorge em Lisboa (maio/09) e no Festival de Setúbal (agosto/09), efusivamente aplaudido de pé pelo público que lotou a sala.
É claro que nesses vinte anos realizamos muitos outros trabalhos em teatro e em cinema. Em Portugal, numa parceria que já completa quinze anos com o Teatro O Bando, uma das maiores, mais inquietas e reconhecidas companhias do teatro europeu, produzimos mais de uma dezena de espetáculos, dentre os quais “Belarmino e o Guardador de Ossos” (2003), “Salário dos Poetas” (2006/07) e “Em Brasa” (2008) no Teatro Municipal São Luiz de Lisboa, dentro do projeto “Outras Lisboas. Ainda em Portugal, além de diversas oficinas e mostras de cinema, acabamos de produzir e dirigir para a “Companhia dos Actores”, dois espetáculos: No Parque dos Poetas em Oeiras, encenamos “CAMÕES” em maio/09 e a pouco mais de um mês, estreamos dentro do Festival MITO (que contou com 22 companhias de teatro de países de língua portuguesa: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde), o espetáculo ‘VIVER É RASO”, sucesso de público e crítica.
No cinema, chegamos também por “Cafundó”. Nosso primeiro filme, “Pobre é que não tem jipe” é uma das histórias do espetáculo. Produzimos ainda 05 curtas, 04 documentários e dois longas-metragens, sem contar os filmes produzidos em oficinas que cinema de ministramos (04 em Alta Floresta, Mato Grosso e 02 nos Açores em Portugal) e a três anos colaboramos na realização do Festival de Cinema na Floresta.
A próxima apresentação de “Cafundó”?... Talvez em Rondônia ou Rio de Janeiro, Ilha da Madeira ou Timor Leste... E com certeza em Portugal, pelos próximos anos. Convites não faltam!...
Por essas e por dezenas de tantas outras histórias (que esperamos para breve registrar em livro), que “Cafundó – Onde o vento faz a curva”, segue sendo nosso “cavalo”. No seu dorso não conhecemos fronteiras nem idiomas, distâncias nem obstáculos e de terra em terra, por onde passamos, temos deixado um pedaço da nossa.
Dá-nos um imenso prazer saber que em alguns lugares desses três continentes, existem pessoas que sabem de nós, ouviram encantadas nossas histórias, viram com curiosidade nossos gestos, sorveram com prazer um “cadiquim” de licor-de-piqui e ficaram bêbadas de vontade conhecer um lugar mágico, localizado num Brasil profundo, misterioso e belo chamado Mato Grosso.
Chapada dos Guimarães - MT - Outubro de 2009
Tati Mendes e Amauri Tangará
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